30 janeiro, 2009

28 de janeiro de 2009
















Não sei quando esse texto será publicado no blog, mas sei o porque e como estou escrevendo. Estou no último vagão de um trem praticamente vazio. Há lugares para umas 60 pessoas por vagão. Estamos em 3 neste aqui. Já escureceu há umas 2 horas. O silêncio é quase assustador.
Acabei de jantar, uns 3 vagões a frente. Sentei com um casal que não falou uma palavra. Peito de frango com legumes e purê. De sobremesa, sorvete. E uma garrafa d'água.

O trem partiu às 14hs de Glenwood Springs para Denver. Se tudo ocorrer bem, o Alex deve estar me esperando na estação de Denver, daqui a 1 hora. De lá, seguiremos de carro até sua casa em Angel Fire, no Novo México.

Acredito que muitos acontecimentos, no decorrer da vida, vão moldando nossa personalidade.
Mas me parece difícil conseguir apontar, depois de um tempo, quais foram exatamente os acontecimentos mais relevantes, ou ainda, quais foram os dias mais importantes para a formação do nosso caráter.
Eu, até hoje, não conseguiria apontar, por exemplo, 3 datas. Dizer: olha, aquele dia tal foi importantíssimo para mim porque a partir de então aprendi a ... tal coisa.
Esses dias existem, claro, pra todo mundo. Mas o que estou tentando dizer é que, para a história, esses dias passam como mais um dia... não ficam destacados na folinha do calendário.
Pois hoje, 28 de janeiro de 2009, foi um dia para entrar na minha história.
E o fato de estar escrevendo isso agora, é uma tentativa de preservar isso. Arquivar. Não deixar dúvidas. Foi neste dia, e em nenhum outro, que aprendi e experimentei algumas sensações que acredito, me fazem ser a partir de hoje, uma pessoa um pouco diferente da que acordou hoje cedo.
Pela primeira vez abandonei uma casa. Deixei pessoas para trás. Deixei amigos que, honestamente, não faço a menor idéia de quando vou voltar a vê-los. E é essa sensação, que por enquanto é apenas uma perigosa suposição, o fator determinante para criar aquelas perguntinhas: o que essas pessoas vão lembrar de mim? E por quanto tempo?
As fotografias que fiz das pessoas da casa (e entreguei aos interessados, é bom que se diga) podem contribuir alguma coisa nesse sentido? O que significa, no fim das contas, uma fotografia? E se o foco não estiver 100%, faz alguma diferença?

Saí da casa carregando minhas três malas, e pensando em quantas histórias aquele lugar ainda vai proporcionar... quantas risadas aquela sala vai ouvir... quantas novas lembranças eu simplesmente vou perder?
A última pessoa que vi, abanando da janela, foi a Mariana. Entrei no carro do (agora) ex-chefe, que ia me levar até Glenwood. Estava nevando. Um cenário e tanto.

Aqui começa a outra experiência inesquecível do dia.
Antes de pararmos na estação de trem, o Vance preparou uma surpresa... ou, um bônus, como ele chamou. Paramos na Glenwood Hot Springs Pool. Segundo ele, é a maior extensão de águas termais do mundo.
Sim, para quem vai todo ano a Piratuba, pode não achar grande coisa. Mas eu nunca havia entrando numa coisa dessas.
E como vocês já leram aí em cima... sim, estava nevando. Então, imaginem uma piscina com água a 40º C, cercada por montanhas enormes cobertas de neve, e ainda por cima nevando!
Meu corpo experimentou ali, durante aquela hora e pouco, sensações que eu nem sabia que pudessem existir. Como chamar o que talvez não tenha nome? Que sensações foram aquelas?

Exatamente em frente, está a estação de trem de Glenwood. Pela primeira vez, entrei num trem. Não foi como nos filmes. O comandante, mesmo recebendo os passageiros do lado de fora, não era muito simpático, e o trem em si me pareceu uma coisa muito estranha... é alto, com janelões enormes, poltronas super confortáveis, um ar moderno demais na minha opinião. Mas a vista foi algo que realmente me impressionou. Já haviam me alertado que este trajeto é lindo. Mas ficar 4 horas olhando essa vista, altera as emoções de qualquer pessoa que está com uma máquina fotográfica nas mãos. Foram 297 cliques, pra selecionar essas imagens aí.
Dia inesquecível. Tudo.

5 comentários:

Carlos Gandara disse...

Silêncio no Blog! ....
Acreditamos em tí, tudo vai dar certo!
No final tudo sempre dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao final.
Happy Birthday!
Ganda

Anônimo disse...

Queremos notícias Leleco!!
E as fotos também, hehehe...
Me manda pro email do gmail noticias: daniellevdsantos@gmail.com
Beijos e boa sorte!!

Anônimo disse...

Le, eu posso avaliar bem teus sentimentos, afinal, comigo, afastar-se de casa pela primeira vez, aconteceu no exato dia em que completava cinco anos. Depois disso, quantas vezes tive que reiniciar a caminhada. Com certeza, como dizes, não serás mais a mesma pessoa.
Cruzamos pelo caminho de outrem assim como outras pessoas passam pelo nosso caminho, mas sempre ficarão lembranças mais tenues ou mais acentuadas, mas ninguém passa em vão, sempre nos deixam um pouco de si, tal como nós deixamos um pouco nas pessoas com quem cruzamos.
Certamente sempre saimos, partimos e nos despedimos mais fortes, mais maduros, mais maleáveis, mais preparados para o futuro, enfim crescemos sempre, por isso tenho certeza que estás aproveitando muito dessa tua experiência, porque tens sentimentos para entender e analisar com profundidade os fatos da vida.
Lurdes Tomazi

Anônimo disse...

- Bada, boa decisão (vai ter mais independencia, acho, mais liberdade, e tempo para programar outras coisas), boa crônica de viagem, excelentes fotos preto & branco (noto sutiles avanços na composição).
- Você se surprende com o conforto desse trem? Não sabe a maravilha que é pegar o Orfanatrofio lotado com 38º de calor às 17:30hs. Abraço. NC.

Anônimo disse...

Oi Bada, apesar de não escrever rotineiramente, tenho lido teu blog, e acompanhando tua viagem recebendo notícias tuas. Boa sorte na nova etapa. abraços
Celso Tissot