Ano passado, quando estava aqui em Nova Iorque, lembro que influenciado pelo consenso geral eu concordava:
mas claro, aqui a fotografia está em todos os cantos da cidade.
Então, o que justifica a ausência de novas fotos no blog?
Minha câmera não pode reclamar... ela tem passeado todos os dias. Já sabe o caminho até o metrô, conhece bem as quadras até o escritório, já fomos várias vezes ao Central Park, ao Chelsea, ao...
É isso, tenho levado ela para
passear. Virou rotina voltar pra casa sem nenhuma foto. As vezes, nem da bolsa ela sai. E quando vou sem a bolsa, não muda muito.
Hoje penso que quando essa cidade não desperta o interesse pelo clique, desperta e muito a reflexão, o questionamento do que, o porquê, e como fotografar.
Estou tendo a oportunidade de conhecer e analisar mais de perto o trabalho de vários fotógrafos da Magnum e percebo que isso, até o momento, tem contribuído para aumentar minha hesitação no momento do clique.
Um sujeito que quando entra na sala me faz parar o que estou fazendo para ouvir atentamente é o Bruce Gilden.
Esse vídeo mostra um pouco da sua peculiar maneira de fotografar pelas ruas de Nova Iorque. Aí penso: consigo fazer isso melhor do que ele? A resposta por enquanto é NÃO. Se ele executa com tanta propriedade suas fotos nesse estilo, que desenvolveu durante anos, o melhor que eu posso fazer é tentar encontrar um outro estilo, que um dia, quem sabe, alguém possa reconhecer minhas
imagens em função disso. E aqui, mais do que nunca, quero usar a palavra imagens e não fotografias. Muitos fotógrafos da Magnum estão realizando seus projetos captando também em vídeo. E é com esse material que estamos trabalhando na Magnum in Motion. (Em breve espero colocar aqui o link de três vídeos que editei com imagens do
Larry Towell no Afeganistão).
Paralelo a isso, estive em dois
eventos na B&H (um com o fotógrafo de publicidade
Yuri Arcurs e outro com o retratista
Kareem Black) e ambos praticamente foram obrigados (em função dos questionamentos da platéia) a explicarem como inseriram o vídeo nos seus fluxos de trabalho (o Kareem chegou a dizer que 50% dos projetos que realiza atualmente envolvem captura em vídeo). Ninguém se arrisca a dizer aonde isso vai parar, mas por aqui entre os fotógrafos a opinião é quase unânime: não dá para ficar de fora.
Enfim, tudo isso para dizer que, provavelmente, meus próximos passos serão nessa direção.
Pra finalizar, deixo uma foto que pelo menos umas 2 mil pessoas devem ter feito no último sábado. Essa é apenas mais uma.